Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro 22, 2019

Revolução pela gentileza

29 agosto 2016 Em 2008 publiquei um livro de versos pela editora Movimento, em Porto Alegre. Algum tempo depois um daqueles poemas foi escolhido para participar do projeto Cidade Poema destinado a levar a poesia à espaços públicos da capital. Contente, aceitei o convite. Não é usual o porto-alegrense virar a luneta para autores do interior do Estado. Em 2014, meu poema (que, na realidade, é um pequeno fragmento de uma série) integrou a bela antologia de poesia "Do Sul à China" traduzida ao mandarim e editada pelo Instituto Estadual do Livro. A gestão era a do Tarso. Os poucos amigos que acompanham estas publicações sabem que desde a primeira hora posicionei-me contra o Impedimento da Presidente, não por considerá-la capaz, mas por questões de justiça (não legais). Penso que o Impedimento enfraquece a democracia e as instituições. O julgamento foi uma farsa e as consequências de um governo do PMDB serão ainda mais nefastas que a dos últimos anos do PT. Não pelas

Contra o Impedimento de Rousseff

Durante o processo de Impeachment. Antes e depois. 2015-1017 I Não a chamo de Presidenta. Isto, por si, já confere certo distanciamento, desengajado, à minha opinião. Escrevo com a intenção de posicionar-me, coisa que, de resto, é a atitude mais republicana que um cidadão pode ter num momento crítico como o atual. Tento ser breve. 1. Cassar Dilma e empossar Temer condenando-a por atentar contra o Orçamento, prática usual desde D. João VI (cito, pasmem, Delfim Neto), é demagógico e oportunista. 2. Avalizar um processo conduzido por Cunha, com Maluf na Comissão é, para dizer o mínimo, atentar contra o óbvio. Que a luta pelo poder no Congresso respeita muito pouco a vontade de 54 milhões de brasileiros expressa nas urnas. 3. É a democracia que está sendo ameaçada no Congresso. 4. Que o PT lide com a crise econômica e termine o seu mandato desastroso. Que os 54 milhões de eleitores amadureçam com as consequências da sua escolha. E que a Lava-

Antes e depois da eleição do Bolsonaro

Campanha à Presidência, 2018 I Atualizando: dados pós pleito computam estremecimento deveras inquietante no lado esquerdo do espectro, ao que consta, a insistência em responsabilizar o PT pela ascensão da Direita não está mais sendo tolerada como antes do voto. Percebe-se com inquietação que, depois do voto, as críticas à campanha hipotecam a boa convivência. Mas eu sigo aqui, caros amigos, à disposição, sem cansar do guevarismo da gávea, da guerrilha de salão, da patrulha decadente. Afinal, espero ainda um único poema engajado que preste de toda esta autoimolação.Tá bom, peço muito. Um verso que seja. Um versinho só. Vai Hernandez de inspiração. Faz parecer fácil... II Parabenizo a todos, derrotados e vencedores. sou incapaz de dividir nós e eles. Perdi apenas um casal de amigos em toda eleição. Deve ser um recorde, mesmo para um lorde inglês que votou na Manuela e no... A democracia, esta flor que nos ilude, está com vocês, bolsonaristas. Ao PT, depois do discu

Jogo burguês, poucos têm vez, lorde inglês

10 novembro 2018 O preconceito de direita ou de esquerda é sempre ignorante. Nas eleições, um primo querido escreveu que se eu vivo como um Lorde inglês não podia ser contra o Bolsonaro. Agora, outro amigo me acusa de escrever sobre um esporte elitista enquanto há tanta miseria no pais Talvez eu veja o mundo de forma menos dividida. Enquanto para uns o golfe é um jogo de burgueses e serventes com a bolsa nas costas, para outros, no outro extremo, é um esporte de glamour, status e de distinção social. Já para mim é uma mistura de tai chi, tiro ao alvo e surfe. Só que parado. Mas vamos à política. É certo que o imperialismo sic yanque além de explorar sic 80% da força de trabalho local lá pelos anos 40, nos deixou um dos campos de golfe mais bonitos da América do Sul. Mas não nos deixou só isso, queridos amigos socialistas. Eles partiram, ficou a cultura. Junto ao campo, no bairro proletário do São Paulo está o celeiro mais antigo de golfistas do Brasil. Em

Comemorem onagros!!!

maio, 2019 I Inédita, a convocação para protestar contra o sistema que impede o governo de governar quer o quê? O fim do debate político? Mostrar que os milhões de votos que elegeram Bolsonaro pressionarão a oposição (leia-se Maia e o Centrão) a abrir mão do toma lá dá cá, essência do presidencialismo? Justificar, em caso de um improvável sucesso nas ruas, fechar (com quem, se nem o Clube Militar embarca nessa?) o Congresso e o STF? O que quer Bolsonaro ao convocar os protestos? Por que ele simplesmente não faz o que foi eleito para fazer? Por que ele não governa? A resposta é simples, não? Mas e a oposição, a real, onde está? Inédito é um governo protestar contra a situação! II País dividido. De um lado os que acham que Lula é inocente e do outro os que pensam que Bolsonaro é estadista. Tá dura a galleta. III Serão cortadas: 2.331 bolsas de mestrado 335 de doutorado 58 de pós-doutorado. Sendo assim, ocorreu uma red

Atacando a oposição

maio, 2019 Estou pensando em atacar a oposição. Bater no Bolsonaro cai de maduro. Bolsonaro só é o caos que é (também) por causa da falta de uma oposição que faça sentido.  Agora  Guilherme Boulos está em Santa Cecília participando de uma assembleia para convocar uma greve geral que vá parar o Brasil. Como parar o que já está imóvel? Quem sabe uma assembleia para convocar uma ação que ponha em movimento seria mais inteligente... Hoje, ouvi o discurso do líder sindicalista da indústria açucareira de Fray Bentos, Uruguai, ameaçar com uma greve na temporada da colheita de cana com palavras de ordem "patronales, compañeros, unidos, jamás, numeritos..." E me pergunto quando, quando a oposição vai amadurecer? Quando o contraponto vai se livrar da barba, da boina e da estrela para enfrentar a realidade? Vamos parar o que não tem roda? Ok, e aí o quê?

Bordoadas, a torto e a direito

14 julho 2019 I Aqui, diante da inclusão dos mais pobres na reforma da previdência, me pergunto sob qual cálculo humano se justifica sequer cogitar diminuir do que não existe? II Dois acontecimentos de relevância nos últimos dias refletem nossa mentalidade política. O primeiro foi a derrota acachapante da esquerda na votação da Reforma da Previdência. A questão não incide apenas na desarticulação da oposição. Essa é a consequência. A causa remete à insistência em afirmar que o impeachment é golpe, Lula é preso político, Venezuela é democrática e o Partido dos Trabalhadores é dos trabalhadores... Todo o pegajoso ranço ideológico da patrulha transforman do fatos em versões... A segunda notícia vem do Executivo. Bolsonaro quer nomear o filho embaixador nos EUA. Se isso não demonstra o retardo emocional do Presidente aos seus seguidores, nada o fará. Nada mesmo. E digo emocional porque a medida é tão absurda que impede considerações sobre inteligência. Parece um teste d

Caudilhos

23 agosto 2019 Eu sou muito ignorante. Não tenho a capacidade de juntar pensamentos em um raciocínio linear, acorrentado e conclusivo. Sei que o que digo reflete uma mistura de posições filosóficas, às vezes contraditórias. É frágil, do ponto de vista acadêmico, o que muitas vezes expresso. Sempre vou aos saltos. Mesmo assim, vamos lá. A figura do Presidente descende do Rei. E o Rei do chefe da tribo. E o chefe da tribo, bueno, da força, imagino, de matar melhor. Não vou entrar no papo de o  monarca ter mais intimidade com o divino do que conosco, plebeus. Já basta o Papa. Enfim, isto é para dizer que o sistema político presidencialista, com um líder encarnando a vontade do povo não funca. O cara vira um Lula, um.. isso aí que temos agora. Essa identificação com o cara e o que ele (só ele) "representa" é constrangedora, pensem bem. É com pequenos grupos, na rua, no bairro, na cidade que temos que nos organizar, daqui para lá, o Estado diminuindo na medida q

Nota ao pé da História

28 agosto 2019 I Quanto mimimi,esquerda e direita unida contra o intervencionismo imperialista. Estamos em que século mesmo? A Amazônia só é brasileira enquanto existir. Que adianta ser nossa e ser queimada. É um falso paradoxo. Basta preservar que o Macron para de fazer política nas costas do Bolsonaro. O certo é que a Amazônia nunca deixou de ser invadida, queimada e desmatada. E que o atual governo desdenha a ecologia como desdenha a cultura, por razões iguais. Ignorância, truculência, miopia. II Apoiemos portanto o boicote à carne, à soja e aos jogadores de futebol brasileiros. Agora o paradoxo é real. Para não perder mercado, o agronegócio é obrigado a preservar a floresta. Quem é mais brasileiro, pergunto aos nacionalistas, aquele que apoia o boicote e preserva a Amazônia ou quem desmata, queima e destrói porque ela é nossa? III Me oponho à mentalidade. É isso. E desafio aos bolsonaristas a se posicionarem. Digam: - sou mesm

Elizabeth Bishop, FLIP e a patrulha.

Elizabeth Bishop não merece os ataques que recebe por conta dos comentários a favor do golpe militar de 64. Esse apoio é uma nota ao pé da página na sua biografia, foi expressado em cartas privadas ao Lowell e reflete a visão de uma poeta laureada americana durante a guerra fria. Bishop deveria mais ser atacada por sua visão colonialista, miope e caricata do Brasil. Fofocava de Bandeira, Jorge de Lima, Schmidt, Drummond como se tratasse de outra casta, "gente dos anos 30" nos EUA. Esse desdenhoso complexo de superioridade deveria bastar para que seu nome não fosse cogitado pela Flip. Sem mencionar o centenário do Cabral. O auê que estão fazendo, hiperdimensionando a importância da posição política da americana é patrulha ideológica sim, disfarçada de defesa da democracia, como se escolher alguém como Bishop fosse flertar com o fascismo. E antes que me ataquem por defender os militares em 64 ou ser Lacerdista, como a Lotta, não, vejam, não estou defendendo o indefens