. . Sempre percebi, na poesia de Thomaz Albornoz Neves, um obstinado empenho no sentido de procurar dizer o máximo com um mínimo de palavras, o que talvez explique duas de suas mais flagrantes características: uma, de caráter estrutural, ou seja, a fragmentação do discurso; outra, de cunho expressivo (ou, se preferirem, formal), que se revela graças a uma certa espécie de redução do enunciado verbal que poderíamos chamar aqui de capsularismo aforismático, algo sentencioso, mas de inequívoca inspiração lírica. E se ambas estão presentes no primeiro de seus livros em que pus os olhos, Sol sem imagem (1996), mais ainda se evidenciam neste Exílio, que o autor acaba de dar à estampa e que, segundo ele próprio, seria antes “um diário de notas circular (...), baseado em uma experiência de extrema solidão, submetida a uma saturação da linguagem”. Em longo e circunstanciado prefácio que escreveu àquela primeira coletânea, Bruno Tolentino filia o poeta à linhagem do fragmentarismo ungaret...
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