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Mostrando postagens de setembro 28, 2008

Lições do Exílio, por Ivan Junqueira

. . Sempre percebi, na poesia de Thomaz Albornoz Neves, um obstinado empenho no sentido de procurar dizer o máximo com um mínimo de palavras, o que talvez explique duas de suas mais flagrantes características: uma, de caráter estrutural, ou seja, a fragmentação do discurso; outra, de cunho expressivo (ou, se preferirem, formal), que se revela graças a uma certa espécie de redução do enunciado verbal que poderíamos chamar aqui de capsularismo aforismático, algo sentencioso, mas de inequívoca inspiração lírica. E se ambas estão presentes no primeiro de seus livros em que pus os olhos, Sol sem imagem (1996), mais ainda se evidenciam neste Exílio, que o autor acaba de dar à estampa e que, segundo ele próprio, seria antes “um diário de notas circular (...), baseado em uma experiência de extrema solidão, submetida a uma saturação da linguagem”. Em longo e circunstanciado prefácio que escreveu àquela primeira coletânea, Bruno Tolentino filia o poeta à linhagem do fragmentarismo ungaret

João Cabral de Melo Neto. Breve entrevista concedida a Thomaz Albornoz Neves, Praia do Flamengo, 1996

Agora há pouco estávamos falando de Elizabeth Bishop e os poetas que mais a influenciaram, os poetas renascentistas, George Herbert em particular. João Cabral - Tenho a impressão que é muito difícil dizer quem marcou a gente, toda a literatura marca, quer dizer, antes de ir para a Espanha eu era marcado pela literatura francesa, que era o que se lia no Recife e no Brasil. Literatura romântica? JC - Não, os mais modernos. Entrei na literatura por onde se sai, dos modernos para os antigos. Só me interessei pela literatura antiga quando fui para a Espanha a primeira vez em 1947. Então, como não tinha formação universitária, não tinha inclusive literatura portuguesa, confesso que não conhecia os antigos. Foi na Espanha que decidi ler sistematicamente a literatura espanhola a começar por "El Cid", que me marcou enormemente. Já na Inglaterra, fiquei impressionado com a literatura inglesa e americana. Antes, tinha tentado diversas vezes entrar na literatura in