FERNANDO PY O que distingue, à primeira vista, a poesia de Thomaz Albornoz Neves, é a sua concisão. Todos os poemas de Sol sem Imagem, sobretudo Oráculo, O Taumaturgo, Pampa, A Onda, A Ostra, e os das séries A Morte e O Ato, têm em comum a escassez verbal. Na grande maioria dos casos o poema se resolve em poucas palavras, num vocabulário às vezes recorrente, não por pobreza de expressão e sim por um movimento reiterativo que está na própria estrutura do poema e que busca gravar, na memória do leitor, a imagem antes construída. No poema que abre a coletânea, O Estrangeiro, o poeta configura uma espécie de isolamento pessoal (literário? estético?), depois que os amigos partiram em turnos descrentes da espera. Esse isolamento, essa atitude de recolhimento em si mesmo, corresponderia não só à posição do poeta como indivíduo, mas também como criador. No primeiro caso, como no segundo, seria ele um “estrangeiro” - quer na sociedade em que vive, quer entre seus pares. E mais ainda: es...
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