Moro de favor faz alguns meses numa das tantas casas de praia prensadas entre a Via Ardeatina e o Mediterrâneo. Cheguei no começo do outono e devo partir antes do próximo verão. A Signora Vittoria é grata por ter alguém aqui durante os meses em que o balneário fica deserto. Ainda espero sua visita. Depois de ter vivido tanto tempo ilegal, a matrícula no curso de cinema abriu meu visto por mais dois anos. Três dias por semana tomo o primeiro ônibus matinal, percorro 40 kms pela Litorânea até a ferrovia de Ostia e retorno de Roma no último trem, justo a tempo de fazer a baldeação da meia-noite para a praia. Não pago a escola enquanto participar da organização do acervo filmográfico. Mas escapo sempre que posso e passo o fim das tardes na Biblioteca Nazionale fotocopiando por pouco mais de nada todo livro de versos que cai na minha mão. A comida e o transporte me custam menos de cem dólares por semana, o que garante até o verão sem ter que trabalhar. Não tenho expectativa alguma além...
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