Não é tanto a dor do adeus  mas a dor de quando o linho te devolve  Tão leve que um sopro desfaria  E em saber que não vês a fuga d a luz que irradiaste em mim  Ou como cada dia sobrevive à morte  por ter sido a morte um dia o único fim de nós dois  Assim, mesmo sabendo que as lembranças apagam quem foste  ainda te vejo contra o céu escada acima, a bata de aura puída  e recordo em tuas olheiras um afogamento  sentindo a ausência no ar que respiro  De regresso, a cada tarde, vou de encontro à tua volta  ou à uma carta na caixa do portão  ou à mala vermelha ainda fechada na varanda  E talvez, como antes, fosses ao Forte por peixe e vinho  Mas entre as dunas o mar picado ao sol caindo  o sempre não foi sempre, nem o jamais jamais  Mais viva que a vida é a memória da pele  A casa na areia, tão branca  O infinito do amor que é o mesmo infinito do solidão                                          ...
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