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Mostrando postagens de maio 11, 2014

A tradução no escuro

                      Traduzir poemas ao português, no meu caso pessoal, sempre foi uma atividade decorrente da leitura. Elaboro versões para ler melhor e, ainda que de maneira derivada, para incorporar o poeta estrangeiro repetindo as etapas formais da sua criação. Não pretendo refazer o poema literalmente daquela para esta língua. Dependendo do caso, tomo pequenas liberdades. Muitas vezes parece-me que para aproximar a versão do seu original devo afastá-la em algo dele. É certo que quanto mais perto da frase estiver o verso, com mais literalidade será vertido. Versos fraseados, de um modo geral, podem ser copiados, enquanto versos medidos devem ser recriados. Digo isto porque para mim escrever poemas é uma atividade lenta e minuciosa que rara vez se resolve num repente. Ou melhor, há na minha escritura, geralmente quando o poema surge e quando acaba, instantes de inesperada claridade separados por uma longa e trabalhosa gestação. É natural, portanto, que eu prefira traduzir