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Mostrando postagens de maio 4, 2008

Traduzido do caderno em espanhol. Montevideo. 1998.

I've been freed from the self that pretends to be someone And in becoming no one, I beguin to live. T. S. Eliot . Observo o que acontece como se acontecesse a outra pessoa, incapaz de deter um só pensamento, incapaz de emergir do meu próprio fluxo, refém de idéias fixas e recorrentes a cada vez que toco na caneta.  O olho-d'água, o blecaute retraindo no próprio foco a paisagem em um lapso.  Na aceleração da sensação da existência passo a me sentir o sósia de um estranho. Em galeria. Observo pensamentos. Me repetem. Obedeço certos padrões de comportamento mental. Uma recorrente linguagem interior reduz meu contexto ao seu alcance. Ela encerra o futuro nas mesmas variantes do passado. E redoma o mundo.  Escrever – a um só tempo – põe a nu o círculo do raciocínio. O dá a ver sumindo sempre em seu início. Olhar-me como se nunca me houvesse visto torna tatuagens e cicatrizes sinais de nascença. Desta ausência de mim que é a minha solidão...

Sobre Sol sem imagem, de Bruno Tolentino

Se Valéry ses’t trompé - como quer Bonnefoy desde a frase de abertura do seu famoso ensaio sobre o Maitre [1] - certamente não se equivocou por omissão ou escassez. Duas décadas de silêncio após a sua insône nuit de Gênes iriam dar assim mesmo na Jeune Parque, todo o contrário do laconismo eloqüente. E é mesmo provável, como quer o autor de L’improbable, que só no Cimitière marin, o grande homem se tenha redimido de tanto silêncio profilático. Não, a exigüidade de meios nada tem a ver com a indecisão ante o ato criativo, nem a celebrada vertigem ante a fina, chata, e plana page blanche assegura a justeza, a exatidão expressiva. No exercício do canto há sempre apenas o mesmo abismo a transpor ou não, sempre o risco de despencar à toa. Não há laconismo preventivo que cancele a lei da gravidade, implacável para com o poetâmano: despenca-se de mil como de uma dezena de palavras maldispostas. Observe-se no poema ORÁCULO como nosso poeta evita esta última hipótese: Recorda e terás e...