O campo de golfe do Clube Campestre de Livramento está na margem do baixo São Paulo, bairro proletário há já algumas décadas esvaziado pelo fechamento da indústria frigorífica que lhe deu origem. O marasmo das ruas de terra batida do bairro continua no silêncio da cancha. Não há, como em muitos campos de golfe urbanos, aquela bolha florestal rodeada pelos ruídos do tráfego. Aqui, afora uma serra elétrica do lado de lá do arroio da Carolina ou o microfone de um pastor evangélico de garagem, a atmosfera não muda muito. Uma bicicleta, o cavalo da carroça, as motos de baixa cilindrada. E bota canto de galo e latido da cachorrada. A mão de obra remanescente espera que algo aconteça, a zona franca, quem sabe. Ou que a indústria volte. O mais jovem anseia a idade do quartel para depois de servir ir trabalhar na serra ou na capital. Há pencas de crianças que estudam meio turno e de adolescentes do curso da noite vagando sem muito o que fazer além da pelada na pracinh...
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