I Insônia Tenho a impressão de que desenvolvemos no Brasil uma espécie de aversão à lírica. João Cabral tem um papel relevante nisso, sem dúvida. Assim como a poesia concreta, cujo significado nunca vai muito além do procedimento. A verdade é que Cabral terminou por ser mais ou menos onipresente, nas últimas décadas. Vi tantas vezes glosado o tema da pedra ou da faca, que certa vez me referi ao grande contingente de imitadores ou admiradores incorporantes como “o clã da pedra”. E sinceramente creio que todo poeta contemporâneo deveria sentir-se envergonhado de glosar pela milésima vez os lugares preferenciais da poesia de Cabral. Também me parece verdadeiro que a poesia concreta teve um papel importante na condenação ao lirismo, que é exorcismado brandindo um anátema tão vazio quanto “rigor”, que é pedra de toque de elogio: “confessionalismo”. Como crítico, sempre tentei compreender o movimento e a tendência. Já como leitor, leio com algum tédio os protestos contra a poesia lírica, “co...
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