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Mostrando postagens de maio 18, 2008

Entrevista concedida ao João Antônio, Rio, 1996

. Como você situaria os seu livro Sol sem Imagem em relação aos seus trabalhos anteriores? Sol sem Imagem resulta de duas reuniões anteriores, Renée, de 1987, e Poemas, de 1990. Poemas era já uma releitura de Renée acrescido de algumas novas composições que eu segui trabalhando, mesmo depois de publicá-las. Tais releituras, e as versões que delas se originaram, apontam para uma predisposição: dizer com o menos - o menos entendido por exato. Houve também uma tendência à anulação da primeira pessoa, não por necessidade estilística, mas por uma espécie de, digamos, pudor que conduzia cada vez mais o verso para o silêncio. Com isso você quer dizer que tem escrito um único e mesmo livro? Tenho a impressão de que tudo que escrevo permanece em processo. Renée foi o livro da descoberta do amor. A vida continuou e eu segui reescrevendo aqueles poemas até não reconhecê-los mais. O que se advertia em Renée está perdido - a unidade do primeiro amor, a ausência da dúvida, o mundo todo em si

Sobre os poemas de "Exílio", de Carlos Jorge Appel

I Foi Mario Quintana quem disse, num dos seus aforismos, que boa poesia não é aquela que se lê, mas a que nos lê. Os poemas de Thomaz Albornoz Neves, em Exílio, vão nessa direção: quando o leitor se dá conta, já está participando da construção, dos detalhes, dos significados implícitos no poema, numa espécie de autodecifração e de comunhão com o mistério da criação. A poesia de Thomaz Albornoz Neves, leitor compulsivo de poesia contemporânea e clássica, tem a característica de só pronunciar o essencial, de ser elíptica e sinuosa, de indicar com imagens e sons o que há de mais recôndito em cada um de nós. Seus poemas habitam uma linha de sombra e luz, feita do vazio e da plenitude, do pampa com o seu limite, uma espécie de linha entrecruzada entre a realidade e o imaginário da fronteira. A idéia e o sentimento de exílio, do limite e da ânsia de liberdade, ao mesmo tempo, constituem a força motriz que percorre o subsolo e a estrutura desta obra. Carlos Jorge Appel .