Durante o processo de Impeachment. Antes e depois. 2015-1017
I
Não a chamo de Presidenta. Isto, por si, já confere certo distanciamento, desengajado, à minha opinião. Escrevo com a intenção de posicionar-me, coisa que, de resto, é a atitude mais republicana que um cidadão pode ter num momento crítico como o atual. Tento ser breve.
1. Cassar Dilma e empossar Temer condenando-a por atentar contra o Orçamento, prática usual desde D. João VI (cito, pasmem, Delfim Neto), é demagógico e oportunista.
2. Avalizar um processo conduzido por Cunha, com Maluf na Comissão é, para dizer o mínimo, atentar contra o óbvio. Que a luta pelo poder no Congresso respeita muito pouco a vontade de 54 milhões de brasileiros expressa nas urnas.
3. É a democracia que está sendo ameaçada no Congresso.
4. Que o PT lide com a crise econômica e termine o seu mandato desastroso. Que os 54 milhões de eleitores amadureçam com as consequências da sua escolha. E que a Lava-jato, mesmo com os vazamentos seletivos, as conduções coercitivas e a mussoliniana camisa com gravata pretas avance sobre as empreiteiras e o espectro político brasileiro. Se não enfrentarmos até o fim a corrupção e discutirmos o financiamento das campanhas agora, quando?
5. Impedir a Presidente hoje, além de provocar uma cisão real na sociedade, recoloca o o Partido dos Trabalhadores na sua zona de conforto, a cômoda posição de vítima.
Qual melhor palanque para 2018?
II
A perda de sustentação política da situação, num sistema parlamentarista, provocaria a chamada de eleições gerais, defendendo o país da paralisação e evitando o loteamento de cargos que ocorre no nosso presidencialismo minado por tantas legendas nanicas. A saída do PMDB, numa manobra covarde e traiçoeira, como se não fosse também responsável pela crise, força ao toma-lá-dá-cá com o baixo clero. Barganhar com Ministérios essenciais como os da Saúde, Minas e Educação não isenta, claro está, o governo. Ao contrário, o condena e condena o Presidencialismo por não possuir mecanismos que impeçam a paralisia que nos encontramos. Agora, que o PMDB é agente do caos, isto é inegável. Se, por um lado, meus amigos petistas não concordam que o governo criou integralmente a crise que enfrenta, por outro, meus amigos da oposição não percebem que apoiar um governo do PMDB é fechar os olhos para uma das manobras mais imorais da história recente no Brasil. O PMDB é tão responsável quanto o PT pela crise, não deveria, através do impedimento, herdar um governo que ele próprio integrou. 6 por meia dúzia, fins justificam meios, o voto - fonte de tudo - passa a valer muito pouco e deixa esse gosto de jeitinho brasileiro na boca dos legalistas.
III
No Senado Federal
Quanto mais ela fala, mais percebe-se sua dificuldade de articulaçāo. Uma arrogância impaciente que os ataques recebidos acabam por tornar digna. A limitação que a protege nos exaure e, ao mesmo tempo, expőe a total ruína do parlamento brasileiro.
O pensamento parece que é formulado na boca.
Sem continuidade. Conduzido por reiteirações.
Dilma é o maior erro do Lula e do PT.
Mas quem ainda apóia o impedimento não vê que não existem motivos reais para afastar a Presidente da República.
Digo reais, não legais.
É a democracia que está caindo.
Porque Temer, meu Deus, percebam. Estamos passando por tudo isto pelo Temer.
E para banir o PT da pior maneira.
Dilma no Senado é execrável. Mas foi eleita.
Com Temer.
IV
Depois de uma discussão com um amigo querido dez anos atrás evito comentar política na rede. Cansei de tentar argumentar que não há lados no que é certo e no que é errado. Votei com o PV em todas as eleições, isto me coloca, penso, à esquerda do centro. Mas é difícil hoje em dia encontrar referências fixas onde tudo gravita ao redor do fisiologismo. É impossível esquecer FHC, a reeleição e as privatizações. Da mesma forma, sou incapaz de não ver o quanto hoje na política a situação não mudou, é a mesma desde o início da República.
V
Assisti ao jornal na TV cobrindo as manifestações de domingo. O enquadramento da cena cuidava para deixar a moldura coberta pela "multidão". Em editoriais, lidos sobre as imagens do povo nas ruas em diversas cidades, compararam as passeatas com as Diretas. Apesar de concordar com a indignação popular - à qual me somo - contra a corrupção, cotejar, ainda que seja com um "desde as diretas", a Candelária com uma multidão com faixas de "impeachment" e "volta dos militares" me provoca calafrios e tristeza.
VI
No final não sei o que é pior. Se a falta de carisma político de Aécio Neves, que perdeu uma eleição ganha, ou se a total anemia do atual governo, agonizando nas mãos do PMDB. Sei o que todo mundo sabe: não há aqui inocentes. Nem mesmo os eleitores.
VII
O que mais impressiona é o silêncio.
A impressão é que há uma exaustão geral diante do que foi feito com a "democracia", um pudor diante do nosso próprio fracasso. Estou falando da geração da Candelária. Mas é falsa a impressão. A verdade é que a corrupção do PT gera indignação e a do PMDB conformismo. Como assim... Meirelles está agindo, vai arrumar a casa para o investimento voltar.
Ok. E eu fico aqui, pasmo com o cinema brasileiro em Cannes "protestando" contra o golpe e com a caravana de 60 camionetas de ... o que são esses caras?... atacando os índios Guaranis para reaver sic terras. Em que são diferentes dos sem-terra detonando a tiro vacas prenhas em Marabá?
Não existe lado, não existe escolha.
Ou estamos todos contra a miséria humana ou seguiremos defendendo o Temer ou a Dilma sem querer ver que todos dançamos conforme toca o capital.
Agora... o silêncio retumba. E as panelas, amigos, onde está a indignação, as ruas, o patriotismo? Ah, falta o fermento do Jornal.
Não nos iludamos, não nos identifiquemos com a Justiça. Nós não somos o Ministério Público (que também claudica as vezes, mas não entremos nesse teatro). Nós somos o quê? Se o Brasil é a Tia Eron citando Eco contra Cunha. Se o Brasil é o que troca de lado para ganhar, o como é o nome dele mesmo, sim aquele mesmo.
Quem somos? A mídia diz quem somos, como somos e quando somos. O pensamento é tão livre...
De tudo, fica essa aversão à direita que posa de faxineira e a tudo que vem de roldão com ela, a força por argumento, o preconceito por razão. E resta ainda essa profunda simpatia com quem quer menos miséria e mais justiça social. Aos meus amigos de boa vontade.
Como vocês estão quietos.
VIII
Bom, caiu mais um. O tal do Cunha...
Mas... se um homem cinza cai, quem toma seu lugar? Eu não entendo a euforia e a apatia - tão voláteis - de parte a parte. Militâncias despertai! Será que não está claro que são todos o mesmo?
E se a gente votasse ainda este ano... Não seria melhor ideia? É o sistema, não a política, que está travado.
IX
Joesley, Wesley, Temer, grampo.
Tempos maravilhosos estes que vivemos, concordam? A esquerda não pode mais acusar ninguém de conspiração. A direita não pode mais seguir votando as Reformas, fazendo pose. Todo mundo pelado.
II
A perda de sustentação política da situação, num sistema parlamentarista, provocaria a chamada de eleições gerais, defendendo o país da paralisação e evitando o loteamento de cargos que ocorre no nosso presidencialismo minado por tantas legendas nanicas. A saída do PMDB, numa manobra covarde e traiçoeira, como se não fosse também responsável pela crise, força ao toma-lá-dá-cá com o baixo clero. Barganhar com Ministérios essenciais como os da Saúde, Minas e Educação não isenta, claro está, o governo. Ao contrário, o condena e condena o Presidencialismo por não possuir mecanismos que impeçam a paralisia que nos encontramos. Agora, que o PMDB é agente do caos, isto é inegável. Se, por um lado, meus amigos petistas não concordam que o governo criou integralmente a crise que enfrenta, por outro, meus amigos da oposição não percebem que apoiar um governo do PMDB é fechar os olhos para uma das manobras mais imorais da história recente no Brasil. O PMDB é tão responsável quanto o PT pela crise, não deveria, através do impedimento, herdar um governo que ele próprio integrou. 6 por meia dúzia, fins justificam meios, o voto - fonte de tudo - passa a valer muito pouco e deixa esse gosto de jeitinho brasileiro na boca dos legalistas.
III
No Senado Federal
Quanto mais ela fala, mais percebe-se sua dificuldade de articulaçāo. Uma arrogância impaciente que os ataques recebidos acabam por tornar digna. A limitação que a protege nos exaure e, ao mesmo tempo, expőe a total ruína do parlamento brasileiro.
O pensamento parece que é formulado na boca.
Sem continuidade. Conduzido por reiteirações.
Dilma é o maior erro do Lula e do PT.
Mas quem ainda apóia o impedimento não vê que não existem motivos reais para afastar a Presidente da República.
Digo reais, não legais.
É a democracia que está caindo.
Porque Temer, meu Deus, percebam. Estamos passando por tudo isto pelo Temer.
E para banir o PT da pior maneira.
Dilma no Senado é execrável. Mas foi eleita.
Com Temer.
IV
Depois de uma discussão com um amigo querido dez anos atrás evito comentar política na rede. Cansei de tentar argumentar que não há lados no que é certo e no que é errado. Votei com o PV em todas as eleições, isto me coloca, penso, à esquerda do centro. Mas é difícil hoje em dia encontrar referências fixas onde tudo gravita ao redor do fisiologismo. É impossível esquecer FHC, a reeleição e as privatizações. Da mesma forma, sou incapaz de não ver o quanto hoje na política a situação não mudou, é a mesma desde o início da República.
V
Assisti ao jornal na TV cobrindo as manifestações de domingo. O enquadramento da cena cuidava para deixar a moldura coberta pela "multidão". Em editoriais, lidos sobre as imagens do povo nas ruas em diversas cidades, compararam as passeatas com as Diretas. Apesar de concordar com a indignação popular - à qual me somo - contra a corrupção, cotejar, ainda que seja com um "desde as diretas", a Candelária com uma multidão com faixas de "impeachment" e "volta dos militares" me provoca calafrios e tristeza.
VI
No final não sei o que é pior. Se a falta de carisma político de Aécio Neves, que perdeu uma eleição ganha, ou se a total anemia do atual governo, agonizando nas mãos do PMDB. Sei o que todo mundo sabe: não há aqui inocentes. Nem mesmo os eleitores.
VII
O que mais impressiona é o silêncio.
A impressão é que há uma exaustão geral diante do que foi feito com a "democracia", um pudor diante do nosso próprio fracasso. Estou falando da geração da Candelária. Mas é falsa a impressão. A verdade é que a corrupção do PT gera indignação e a do PMDB conformismo. Como assim... Meirelles está agindo, vai arrumar a casa para o investimento voltar.
Ok. E eu fico aqui, pasmo com o cinema brasileiro em Cannes "protestando" contra o golpe e com a caravana de 60 camionetas de ... o que são esses caras?... atacando os índios Guaranis para reaver sic terras. Em que são diferentes dos sem-terra detonando a tiro vacas prenhas em Marabá?
Não existe lado, não existe escolha.
Ou estamos todos contra a miséria humana ou seguiremos defendendo o Temer ou a Dilma sem querer ver que todos dançamos conforme toca o capital.
Agora... o silêncio retumba. E as panelas, amigos, onde está a indignação, as ruas, o patriotismo? Ah, falta o fermento do Jornal.
Não nos iludamos, não nos identifiquemos com a Justiça. Nós não somos o Ministério Público (que também claudica as vezes, mas não entremos nesse teatro). Nós somos o quê? Se o Brasil é a Tia Eron citando Eco contra Cunha. Se o Brasil é o que troca de lado para ganhar, o como é o nome dele mesmo, sim aquele mesmo.
Quem somos? A mídia diz quem somos, como somos e quando somos. O pensamento é tão livre...
De tudo, fica essa aversão à direita que posa de faxineira e a tudo que vem de roldão com ela, a força por argumento, o preconceito por razão. E resta ainda essa profunda simpatia com quem quer menos miséria e mais justiça social. Aos meus amigos de boa vontade.
Como vocês estão quietos.
VIII
Bom, caiu mais um. O tal do Cunha...
Mas... se um homem cinza cai, quem toma seu lugar? Eu não entendo a euforia e a apatia - tão voláteis - de parte a parte. Militâncias despertai! Será que não está claro que são todos o mesmo?
E se a gente votasse ainda este ano... Não seria melhor ideia? É o sistema, não a política, que está travado.
IX
Joesley, Wesley, Temer, grampo.
Tempos maravilhosos estes que vivemos, concordam? A esquerda não pode mais acusar ninguém de conspiração. A direita não pode mais seguir votando as Reformas, fazendo pose. Todo mundo pelado.
Nunca pensei que seria capaz
desta exclamação.
Ei-la: - Viva a Polícia Federal !!!!!
p.s. Diretas, né... Ou vamos
com o Maia de Interino e os picaretas votando?
Acho que vai ter passeata.
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