Cada tradução aqui apresentada é uma leitura do poema original comparada à sua versão para outras línguas e aquela precedente, quando há, em português. Se aproprio o que não alcanço melhorar é por considerar a tradução um gênero aberto. Neste sentido ofereço da mesma forma que tomo. As composições que apresento são provisórias e estão inacabadas.
Quem traduz reescreve o mesmo poema com palavras diferentes. É previsível que nesse processo especular a potência se disperse. E que quando se traduz a partir de versões, tal dispersão se amplie e se distorça – o haikai é o melhor exemplo – como um eco que só remeta ao eco anterior e não mais à voz que o causou. Talvez a dificuldade em traduzir versos reporte àquela enfrentada pelo poeta quando escreve; o que ele quer dizer se transforma no que a linguagem permite que seja dito.
De resto, não é demais mencionar que, em seu tempo, estes poemas ajudaram a tornar minha sensibilidade reconhecível para ela mesma e que, em razão disso, ainda são capazes de resgatá-la.