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Uma breve definição astrológica, por Martin Shulman






 
Schulman define o sujeito com a lua natal na casa 12 como um "aspirador psíquico" do ambiente e de quem lhe rodeia. Disse assim, em um dos seus escritos, como se conversasse comigo:

"... visto que te associas à essência, e não às palavras, não te verás influído pelas palavras dos outros, senão pela essência de quem encontras. Assim, percebes nas pessoas capas transparentes que a tua sensibilidade pessoal traduz. A dificuldade com esse tipo de identificação externa radica em que nunca te sentirás seguro de ti mesmo. Não saberás quem és. Tua identidade mudará a cada momento. Ao alinhares tua identidade com a dos demais, é possível que te sintas momentaneamente como se te encontrasses incluído no espaço vital dos outros. Mas a cada vez que o fizeres, perderás teu centro. Ao te lançares em uma cruzada depois de outra, tentas estabelecer um sentido de valor eterno (o sentido da poesia, thomaz). Percebes constantemente a solidão exterior. Se permites que tua identidade se difunda fora de ti, confundirás inconscientemente essa solidão como uma de tuas características pessoais. É possível que, desde essa visão descentrada da vida, desenvolvas sentimentos de rejeição, perseguição e paranóia. Te sacrificarás a fim de obter o amor que necessitas. Mas teus sacrifícios rara vez darão os resultados que esperas. Dado que és emocionalmente suscetível, e possuis um umbral delicado que permite que te atinjam com facilidade, é provável que dirijas a negatividade que percebas no exterior contra ti mesmo, chegando a grande extremos para negar o teu próprio valor. Arriscas levar uma vida de profecias negativas que se cumprem a si mesmas, ao mesmo tempo em que os sonhos dos demais fluem através de ti enquanto observas impotente como em ti se desvanecem. Entretanto, cada vez que te liberes de algo, mais te aproximarás da tua consciência inata. É desprendendo-te que aprenderás a fazer sem fazer. Aprenderás também a trabalhar sem te vinculares ao que crias (este furo na água). E aprenderás a ser sem te atribuires o mérito de ser. Quanto mais te dissolvas, melhor entenderás o sutil ponto da falta de sentido.

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