21 dezembro 2019
Quem viveu os anos da ditadura militar na Universidade saiu dela para um país unido pela democracia. Não havia polarização. Os militares deveriam voltar aos quartéis. Era tão unânime quanto a irrelevância da monarquia. O Brasil pertencia aos brasileiros democráticos. Ninguém na Candelária preveria a tragédia de Sarney, Collor e Itamar logo ali depois da esquina. Éramos recém nascidos.
Talvez por isso, no imaginário, o Brasil seguiu dos brasileiros. Nem as privatizações do PSDB ou o mensalão do PT dividiram o país como nas eleições de 2018 e reduziram o cidadão a ser ou lulista ou bolsonarista, essa ridícula guerra fria tupiniquim. (Desprezível para o anacronista é quem vive no presente. O moderado foi chamado pelos fanáticos de isentão, omisso, conivente.)
A esquerda (que apesar dos inegáveis méritos em inclusão nunca foi muito mais além de um capitalismo primitivo, seja financeiro, seja de Estado) e a direita (que mais que conservadora hoje se mostra fundamentalista e autoritária) levaram o país a cotejar agora os processos contra Lula e as investigações sobre Flávio Bolsonaro como se fosse um gre-nal, um fla-flu.
Não generalizo. A corrupção é sistêmica. Quem quer que administre a máquina pública brasileira está refém dela. Enquanto não houver uma profunda reforma partidária... blá... blá... blá... Enquanto o professor não for o ofício mais digno...
Parem de pensar o Brasil através dos políticos, desde a Candelária o PM$B governou junto, por trás e pela frente, com Tancredo, com a Terceira Via (quem hoje lembra do apoio de Temer a FHC contra Itamar em 2001?) e com o petismo todo o tempo. Não há ideologia, não há teoria econômica (o Estado mínimo de Guedes quer taxar, pasme Friedman, transações pela internet).
Na polarização, onde há liderança, não há partido. Política é mais poder e menos diálogo. São todos iguais. São, não, somos. Vestir o boné do Che ou fazer arminha com o dedo não muda isso.
Mas, apesar de ter sido uma surpresa ouvir da esquerda que Palocci mente e nunca foi petista, que Lula é inocente e a Venezuela uma democracia; para o terraplanismo e a anti-ecologia, para o ataque à Fernanda Montenegro e a negação do racismo no Brasil, e especialmente para o Deus Vult (viram o a volta do deus vult contra o Iluminismo???) eu não estava preparado.
Se é por fazer campanha de fé façamos a do diz que deu diz que dá, diz que deus dará, né nêga...
Quem viveu os anos da ditadura militar na Universidade saiu dela para um país unido pela democracia. Não havia polarização. Os militares deveriam voltar aos quartéis. Era tão unânime quanto a irrelevância da monarquia. O Brasil pertencia aos brasileiros democráticos. Ninguém na Candelária preveria a tragédia de Sarney, Collor e Itamar logo ali depois da esquina. Éramos recém nascidos.
Talvez por isso, no imaginário, o Brasil seguiu dos brasileiros. Nem as privatizações do PSDB ou o mensalão do PT dividiram o país como nas eleições de 2018 e reduziram o cidadão a ser ou lulista ou bolsonarista, essa ridícula guerra fria tupiniquim. (Desprezível para o anacronista é quem vive no presente. O moderado foi chamado pelos fanáticos de isentão, omisso, conivente.)
A esquerda (que apesar dos inegáveis méritos em inclusão nunca foi muito mais além de um capitalismo primitivo, seja financeiro, seja de Estado) e a direita (que mais que conservadora hoje se mostra fundamentalista e autoritária) levaram o país a cotejar agora os processos contra Lula e as investigações sobre Flávio Bolsonaro como se fosse um gre-nal, um fla-flu.
Não generalizo. A corrupção é sistêmica. Quem quer que administre a máquina pública brasileira está refém dela. Enquanto não houver uma profunda reforma partidária... blá... blá... blá... Enquanto o professor não for o ofício mais digno...
Parem de pensar o Brasil através dos políticos, desde a Candelária o PM$B governou junto, por trás e pela frente, com Tancredo, com a Terceira Via (quem hoje lembra do apoio de Temer a FHC contra Itamar em 2001?) e com o petismo todo o tempo. Não há ideologia, não há teoria econômica (o Estado mínimo de Guedes quer taxar, pasme Friedman, transações pela internet).
Na polarização, onde há liderança, não há partido. Política é mais poder e menos diálogo. São todos iguais. São, não, somos. Vestir o boné do Che ou fazer arminha com o dedo não muda isso.
Mas, apesar de ter sido uma surpresa ouvir da esquerda que Palocci mente e nunca foi petista, que Lula é inocente e a Venezuela uma democracia; para o terraplanismo e a anti-ecologia, para o ataque à Fernanda Montenegro e a negação do racismo no Brasil, e especialmente para o Deus Vult (viram o a volta do deus vult contra o Iluminismo???) eu não estava preparado.
Se é por fazer campanha de fé façamos a do diz que deu diz que dá, diz que deus dará, né nêga...
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