Que a queda do Brasil nas quartas
do Mundial na Rússia mostra mais que a vitória mostraria é fato. Perder não
mascara nada. Ao contrário, nos devolve ao nosso estado natural. O do
esforço pelo esforço, longe dos frutos. A derrota não doura a pílula e permite ver com clareza a realidade.
Mas se a matada na coxa do Thiago Silva entrasse em vez de bater na trave do Courtois a história seria contada pelo Tite, cheia de coerência e nobres sentidos. É claro que ser campeão do mundo rebate qualquer argumento. Agora eu, que já não faço a menor questão de ter a razão, prefiro a forma como se ganha ou se perde. Dunga que me perdoe, - e resumindo as campanhas - é melhor cair com o gol do Falcão contra a Itália que ganhar com o Baggio isolando o pênalti.
Acabamos de presenciar um tipo de fracasso que a ninguém uniu. Sem caídos e sem comoção nacional. Não foi doloroso como em 82. (82 dura mais em nós, infinitamente mais, que 94.) Já contra a Bélgica foi antes um desencanto pressentido. Quando se realizou todo mundo já tinha intuído. Mais ou menos como o falso Brasil dos últimos tempos.
Acabamos de presenciar um tipo de fracasso que a ninguém uniu. Sem caídos e sem comoção nacional. Não foi doloroso como em 82. (82 dura mais em nós, infinitamente mais, que 94.) Já contra a Bélgica foi antes um desencanto pressentido. Quando se realizou todo mundo já tinha intuído. Mais ou menos como o falso Brasil dos últimos tempos.
O curioso é que o maior mal-estar
com a seleção não vem do campo. Não são, exceção feita às simulações
do Neymar, os jogadores. O mal-estar vem da maneira como antes e durante a Copa
a seleção nos foi vendida. Agravado por que nós compramos.
Se não fosse pela encenação de competência do treinador brasileiro, aquela atuação de pastor de garagem, como justificar termos engolido crentes a convocação de Cássio, Fred. Tyson e Fágner, seus antigos jogadores? E a de Renato Augusto bichado no joelho, a de Paulinho, reserva e fora de forma. Somadas aos recentes problemas físicos de Marcelo, Douglas Costa, Danilo e às convalescentes fraturas de Neymar e de Felipe Luiz. Convenhamos que é muito baleado junto furando o tal do planejamento estratégico.
Mas se algo funciona no Brasil é a propaganda. Pelo menos até o momento em que se abre um buraco no meio campo gelando Fernandinho, Paulinho e Marcelo. E quando precisamos de um líder para reagir, um capitão contra o fantasma do 7 a 1 que esvoaçava com Hazard, De Bruyne e Lukaku, e quando precisamos banco ou centroavante ou uma defesa milagrosa de goleiro, quando precisamos enfim, alma, vemos que a sombra podre da CBF e aquele vazio do discurso em titês é todo o nosso conteúdo.
Fica o hino cantado à capela enquanto a câmera fecha passando pelos rostos dos jogadores e aquelas sobrancelhas feitas, tão agudas, tão bonitas...
Alma. Soma de almas, alma coletiva ou como quer que se chame. Contra a Inglaterra os croatas colocaram numa segunda categoria a lendária garra charrua.
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