ESCRITO AO SUBIR A MONTANHA DE HEBEI
A aldeia na beira do precipício
Entre a bruma do abismo e as nuvens
a pousada é mirante do poente
No espelho d’água as montanhas escuras
Lanternas, uma a uma, acesas pelos pescadores
Um único bote, ancorado. Pássaros regressam
Silêncio. O céu e a terra adormecem
CRUZANDO O RIO
Vogo o calmo, imenso rio
A água azul alaga o céu
Céu e rio se apartam
Dez mil casas aparecem
Mercados e muralhas
Bambuzais e amoreiras
Deixo atrás meu povoado
A espuma das ondas inunda as nuvens
O VALE DAS FLORES AMARELAS
Trilha íngrime. Dez mil voltas
Já paramos por três vezes
Das curvas, na altura, os outros
somem entre os cimos e a mata
Som de chuva nos pinheiros
de correnteza nas rochas
No abismo cantarolo
quando as vozes são mais graves
Lá embaixo, o sol é branco
e na névoa serena
os salsos parecem flutuar
Espelho de luz, o lago azul
Nunca tive paz no claustro
A imensidão vence a inquietude
Comentários