O poema deve expor o instante a quem o lê em vez de remeter ao instante em que foi escrito
Para o poema todo poeta é póstumo
Para a poesia recém-nascido
Eu faço o poema e o poema faz o poeta
O poema faz poetas
A poesia não tem significado no poema
Depois de cada poema um silêncio diverso
O presente, com enfocá-lo, se faz remoto em um cenário
A poesia é uma sensação do poema
Meu fragmento paira
... espectral... concreto... espectral
... espectral... concreto... espectral
Para forjar a si mesmo não há molde
Antes e depois do poema a poesia é a mesma sem o poema
Mímica de lábios
A que nunca esteve, o que estando, se extravia
A mutação da mesma imagem
A aura escura do não dito...... O ímã do silêncio
Se tento outra voz me dubla
Se calo sou só eu quem cala
O poema é a paisagem contemplada e o modelo de si mesmo
Dar-se a ver é desconhecer-se no olhar do outro
Mas tudo já sabias desde o início
O esquecer que sabias
Justamente
O esquecer que sabias
Justamente
O inicio
Camafeu, em I Poemi della Luce, de Lucien Blaga, Roma, 3 de outubro de 1989.
Comentários
Juva
Estou até hoje esperando, pelo correio, o livro que ficaste de me enviar. Chegou não. Lendo seu "Éluard no Papaléguas", deu saudade do Rio dos nossos tempos.
Devo estar em Santana do Livramente no mês de janeiro. Vais estar por aí? Me passa seu telefone (nogueira@unb.br).
Só um detalhe, completamente exotérico ao que é principal em seu texto: por que a tradutora "pareil" e "ressemblance" pela mesma "semelhança"?
Dê notícia.
Abração,
Zé Otávio