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Sobre os poemas de "Exílio", de Carlos Jorge Appel



I
Foi Mario Quintana quem disse, num dos seus aforismos, que boa poesia não é aquela que se lê, mas a que nos lê. Os poemas de Thomaz Albornoz Neves, em Exílio, vão nessa direção: quando o leitor se dá conta, já está participando da construção, dos detalhes, dos significados implícitos no poema, numa espécie de autodecifração e de comunhão com o mistério da criação.
A poesia de Thomaz Albornoz Neves, leitor compulsivo de poesia contemporânea e clássica, tem a característica de só pronunciar o essencial, de ser elíptica e sinuosa, de indicar com imagens e sons o que há de mais recôndito em cada um de nós. Seus poemas habitam uma linha de sombra e luz, feita do vazio e da plenitude, do pampa com o seu limite, uma espécie de linha entrecruzada entre a realidade e o imaginário da fronteira.
A idéia e o sentimento de exílio, do limite e da ânsia de liberdade, ao mesmo tempo, constituem a força motriz que percorre o subsolo e a estrutura desta obra.

Carlos Jorge Appel
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